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Um diamante bruto, quando lapdado, tornar-se-á entediante rápidamente.

Odystal´s Seybot

Alguns grunhidos em meio a uma vegetação quase morta misturada a rochas. Uma criaturazinha com formato esférico de aproximadamente 30 cm, um par menor ainda de asas e com braços parecia fuçar as pedras em busca de algo, parando subitamente e olhando ao seu redor como se tivesse sentindo-se observado. E de fato estava. Contudo o pequeno ser nada viu além da paisagem já existente. Mesmo assim, seus instintos falaram mais forte e, apesar das asas ligeiramente menores, alçou voo com rapidez.

Percorridos poucos metros o ser para bruscamente mudando de direção; ação que se repete não uma e nem duas, mas até que a criaturinha percebe que não tem como fugir. Então, em um ato desesperado ele retorna para o terreno acidentado buscando um esconderijo. Qualquer lugar onde pudesse se entocar. Somente seus olhos pareciam ver o que o assustava.

Uma passagem estreita que forçou-o a espremer-se para poder passar. Alguns metros a dentro e o caminho se finda. Acuado e sem ter para onde ir, seus sentimentos parecem se transformar. Seu olhar passa do pânico para o fulminante e duas fileiras de dentes serrilhados formam-se em sua larga boca.

Sua voracidade era espantosa para a maioria dos seres. Mas antes que pudesse dar a primeira mordida, uma forte luz parecia emanar da criatura que sentia seus movimentos se solidificando e uma dor aguda onde seria seu coração; a luz fica mais intensa neste ponto, assim como a dor, em seguida move-se para fora do corpo da criatura. Quando está finalmente do lado de fora a dor passa e ambos somem.


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Etenoiram

Tic tic tic tac tac tic tac tic tac.....

Os sons dos relógio confundiam-se uns com os outros. Paredes, estantes, mesas, janelas, teto, cadeiras, chão tudo estava repleto de relógios de todos os tipos, formas e cores. Ao fim de uma das trilhas, usadas para caminhar por entre os comodos, um Senhor parecia não enxergar nada além da máquina que consertava. A única que não fazia tic tac! Realidade que não demorou muito a mudar com tamanha precisão e maestria com a qual manuseava suas ferramentas. Até que...

Tic.

Foi o único som emitido por aquele relógio, seguido do som de uma martelada. O Senhor não acreditava no que via - sua mão, o martelo, a máquina, todos interligados pelo contato físico. Por um bom tempo ficou atônito, observando. Até que sua primeira reação foi levantar e afastar-se da mesa, mas seu braço parecia segurá-lo, mantendo o contato mão, martelo e relógio. Então percebeu uma linha muito fina, apenas por causa do reflexo que a pouca luz causou. Imediatamente levou a outra mão até sua descoberta, contudo ela parou centímetros da linha. Misteriosamente, o senhor não conseguia mexer um músculo, apesar de sentí-los.

Após alguns instantes, seu movimentos voltam, todavia sem controle. O Senhor dançava e pulava por entre os relógios, pisando e chutando cada um deles. Seus braços realizavam deslocamentos longos enquanto ele girava, batendo e derrubando os que não conseguia pegar em suas mãos, arremessando e golpeando uns contra os outros os que conseguia segurar por alguns instantes. Sua expressão tornava-se mais aterradora a cada comodo visitado; até que ele finalmente para, tendo diante de si sua mais preciosa peça. Um relógio único, e para sua surpresa, intacto. A esta altura não tentava mais resistir; nem mesmo dava-se mais ao direito de pensar.

Imediatamente tudo desaparece diante de seus olhos. A escuridão agora fazia parte dele a tal ponto que não importava o que estivesse diante de seus olhos, nenhuma imagem formava-se em sua retina.


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Eingereicht

O clamor da multidão era claro; assobios, aplausos, vozes pedindo mais...
Últimos preparativos; somente alguns retoques e finalmente era chegada a sua vez. Ela pôs-se diante das cortinas, apenas esperando ser anunciada.

- E agora!

O som dos tambores iniciavam timidamente, ao contrário de seu coração, que batia freneticamente.

- Com vocês!

Os tambores ganhavam força gradativamente ocupando o lugar do som da multidão que silênciava-se com a expectativa. E então o nome é anunciado.

- LEARQUINA!!!

Eis que, por entre as cortinas, no ápse da altura de seu salto, ela surge parecendo voar suavemente, até que suas mãos tocam o chão, iniciando um rolamento e erguendo-se assim que seus pés tocam o picadeiro. Já em pé, curva-se comprimentando a todos.

O som dos aplausos surgiram imediatamente, calorosos e fervorosos. Mais do que o suficiente para encher a alma de qualquer artista. Porem, em seus olhos, o silêncio! Espantada, procurou por todos os lados a origem dos sons e nada. Estava a ponto de recuar quando avistou um ser finamente trajado fitando-a com um olhar inexpressivo enquanto aproximava-se.

Um sentimento estranho, inexplicável, algo que ela nunca tinha sentido antes invadiu seu interior; e, conforme o ser aproximava-se. a ilustre palhaça afastava-se até que não teve mais como mover-se. Suas costas atingiram um dos pilares que sustentavam a lona do circo. Sem poder distanciar-se mais, sente a força de suas pernas esvaírem. Mesmo com as pernas estendidas, vagarosamente sentou-se. Parecia até que alguém guiou seu corpo para que ela não se machucasse. Seus braços pesavam, sua mente enturvava e em seguida adormeceu; juntamente com os sons das pessoas e o ambiente onde estava.

Com as pernas semiabertas, os braços ao longo do corpo e a cabeça pendida para frente, lá estava ela, sentada ao lado de uma boneca de porcelana com algumas maquiagens ao redor.


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