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Um diamante bruto, quando lapdado, tornar-se-á entediante rápidamente.

Recém-chegado

A imagem de um cãozinho de pelúcia forma-se no centro de uma pequena mesa situada entre as três estantes.

- Um brinquedo novo!!!

Quase que em um coral todos em volta pronunciaram. O cão então olhou para si e em seguida ao seu redor, observando uma onda de brinquedos parecendo liderados por um trenzinho a vapor vindo em sua direção. Acuado sua primeira reação foi a mais natural. Sem perceber seu semblante ganhava presas, entretanto estas não eram macias como seu corpo. Em seguida, garras; e então seus pelos ganhavam comprimento, seu corpo proporções inesperadas. Simultâneamente a esta metamorfose o ambiente ao seu redor parecia sumir, até que nada além dele e uma uma criaturinha a sua frente. Uma menina que mais parecia uma boneca de porcelana.

Guiado pelo seu instinto o cão liberou sua ira e assim assumiu uma forma agressiva. Dominado por ela enxergou apenas uma ameaça diante de si. Impulsivamente iniciou sua investida; um ataque de mordida, no qual seus dentes visavam o branco e delicado pescoço da pequena garota. Contudo a ação do cão foi paralisada quando estava prestes a concluí-la por uma dor aguda em sua garganta. Com a ira quebrada pela dor que sentia pode observar melhor a situação, percebendo suas presas próximas ao pescoço de uma menininha, e esta com a mão a pressionar seu pescoço.

- Guarde sua ira para os invasores.

Com uma voz angelical falou enquanto com uma mão afagava a cara do cão e com a outra pressionava ainda mais a garganta, acentuando a dor do animal.


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Desconstruindo a Ordem

Uma espada? Uma boneca movida a cora, uma feita de porcelana e outra de pano. A marionete que só se movimenta quando são controlados os fios de sua vida. O fantoche que acorda quando seu coração, a engrenagem nas mãos de seu mestre é recolocada. Uma bailarina que dança somente ao som de sua própria música. Um gato de pelúcia, mais silencioso que um sussurro...

O que iniciou-se com uma prateleira rapidamente virou uma estante, depois duas e por fim a terceira e supostamente a ultima; agora tomadas por brinquedos dos mais variados. Brinquedos antigos e já inventados, brinquedos novos sendo imaginados e outros nem se quer idealizados ainda podiam ser encontrados neste ambiente circular iluminado por velas de uma incandecência singular.

O silêncio deixou de existir, mas não havia barulho ou ruído. O lugar era embalado por uma melodia que regia a harmonia no local; e sob suas notas a vida desses objetos corria livre, com quase todos os direitos por ela concedidos. Amor, ódio, afetos, desafetos, frustrações, realizações, felicidades, tristezas...infindáveis consequencias de cada ato, de cada ser...

Sobre o candelabro preso ao této, a presença de um ser era ignorada por muitos e observada por poucos, em especial por uma certa boneca. O observado, despreocupadamente assistia a um trenzinho, movido a vapor, cujos trilhos percorriam diversos cantos do ambiente. Ao seu lado uma fenda dimensional é aberta e um coelho humanóide com trajes sociais surge por ela e com a mesma formalidade que suas roupas prestou reverencia.

- Mestre.

Nenhuma palavra; apenas um envelope é retirado de seu casaco e entregue ao coelho, que rapidamente voltou para a fenda que fechou-se em seguida. Deixando seu Senhor a observar seu pequeno trem incansável.


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