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Um diamante bruto, quando lapdado, tornar-se-á entediante rápidamente.

Castelo das Máscaras

Inúmeras gôndulas convergiam para um castelo isolado no centro de uma grande lagoa. A noite era densa e pouco via-se da lanterna das embarcações que seguiam lemtamente. Um a um os gondoleiros deixavam seu passageiro e retornavam. Os seres fantasiados pouco caminhavam até a entrada que dava acesso direto a um grande salão.

O badalar dos sinos da torre do relógio anunciam o inicio do baile e uma despretenciosa música toma conta do ambiente. Pouco a pouco, os seres que revelavam suas almas atraves de suas fantasias e contudo ocultavam suas identidades por de tras de uma máscara, deixavam-se levar pelas notas que imperceptivelmente tornavam-se enebriantes passando a conduzir os convidados ao seu bel-prazer.

Mas dois seres parecem ignorar a melodia que atingia seu ápce; e neste momento as duas almas mascaradas encontram-se, frente a frente. O tempo desacelerar enquanto as duas máscaras atraidas uma pela outra tocam-se. Simultaneamente o tempo para e por um infimo instante elas tornam-se identicas, transformam-se, unem-se.

- Com as vossas licenças.

Ao escutar estas palavras, a mascara que escondia a identidade de ambos eleva-se, revelandô-os. O tempo volta a transcorrer em sua velocidade habitual; os dois permanecem imóveis, olhando-se nos olhos, ignorados pelas notas musicais e pelos seres que deixavam-se levar por elas.


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Visita da realidade

Sob um manto preto, mesclando-se à vastidão negra do ambiente, um ser caminha a passos lentos e olhares atentos. Sua silenciosa busca é quebrada por uma palavra, proferida aparentemente pelo nada.

- Achou!

Sem que ele pudesse esboçar qualquer reação, uma cadeira ricamente decorada forma-se poucos metros diante dele; em seguida outro ser surge por de trás da cadeira, entrando no pino de luz que a iluminava, sentando-se com as pernas juntas e os braços apoiados no descanso do que agora parecia seu trono. O silêncio voltou a preponderar no ambiente enquanto ambos analisavam-se.

- Por que tem se escondido?

O visitante quebra o que até então beirava à eternidade. Simultâneamente o pino de luz expande-se e revela uma garotinha ,que mais parecia uma boneca de porcelana, segurando um cachorrinho de pelúcia, delicadamente postada ao lado direito, porem uns dois passos atrás de Drocell.

-  Deixe-me apresentá-lo à Domenique, Rael-lidade.

Ignorando a pergunta (e  usando um trocadilho que. provavelmente, somente a criatura a quem foi direcionado entendeu) Drocell levanta-se sem tirar o olhar do ser ainda oculto a sua frente e oferece a mão para Domenique, que aceita sem hesitar colocando-se ao lado de seu mestre. Imediatamente após, uma coluna de luz forma-se  circundando o visitante que fez uma leve reverencia, notadamente mais por educação.

- Não se cansa desta brincadeira de esconde-esconde, pega-pega?

Assim que o visitante questiona, todos os personagens somem rapidamente como se tivessem sido diluídos no ambiente, restando apenas a cadeira, agora com teias de aranha e uma mensagem tecida nelas.

"Se um não quer brincar é só parar."


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Domenique

Uma distinta dama e sua filhinha sentadas à mesa finamente posta degustavam uma saborosa sopa servida por seus empregados. A noite já se fazia dominante e a menina sem aguentar bocejou. Atitude que rendeu um aparente olhar preocupado de uma mãe zelosa. Eis que, por um único momento de descuido enquanto comia, a garotinha deixa respingar a sopa em seu vestido. Uma cena que passou em câmera lenta em sua mente. Um instante que durou horas. Este erro rendeu um olhar fulminante de sua mãe, fazendô-a estremecer. Ingenuamente a criança procura prolongar mais o jantar, comendo vagarosamente, ao mesmo tempo que tenta limpar o respingo. Sua mãe mesmo terminando de tomar a sopa antes, permanece em seu lugar fuzilando a menina com o olhar que evitava a todo custo direcionar os olhos para a fonte de seu contido desespero.

- Para o quarto!

Severamente disse a mulher assim que a garotinha terminou. Não vendo meios de escapar, do que sabia que estava por vir, ela tenta um ultimo recurso.

- Não falo do quarto onde dormes.

Com passos hesitante e olhar no chão a garotinha muda seu trajeto, segurando-se para não derramar lágrimas de seus olhos já afogados nelas. Certamente a pressa não a acompanhava, pois sabia que após chegar ao comodo ainda teria de aguardar por quase uma hora enquanto sua mãe dispensava os empregados da casa que repousavam em dormitório anexos à mansão.

Dentro do tempo previsto as portas se abrem deixando entrar um gélido vento que incide diretamente sobre as costas da criança que já esperava devidamente nua e posicionada em uma armação de ferro com braços e pernas afastadas e o rosto afundado em um travesseiro que desde já abafavam seu choro. E desta vez ela encontrava-se imóvel, tamanho era seu pavor.

Passos firmes misturados ao som de algo sendo arrastado no chão ficavam cada vez mais próximo. Algo que ela já conhecia intimamente. É então que tudo para e o breve silêncio é interrompido pelo som do atrito suave de um tecido; o que dura pouco tempo e logo dá lugar ao atrito do vestido com o ar e mais rápido ainda ao som e a sensação do choque da veste em suas costas. Neste momento a garotinha da um pulinho de susto. Mal pode identificar o que tinha acontecido e sentir-se aliviada, o chicote lambeu suas costas e o estalido ecoou. Suas costas agora estavam divididas em duas por um corte de profundidade moderada. Seu sangue foi jogado ao chão pelo mesmo instrumento que o trouxe a tona, deixando por um breve momento suas costas limpas. O único grito que ousou liberar limitou-se ao travesseiro.

Um filete de sangue começou a escorrer da extremidade do corte voltada para baixo, e antes que este alcançasse a perna da menina, suas costas dividiam-se em quatro partes de tamanhos diferentes; e logo em sete. O sangue que jogado pelo chicote parecia calculadamente atingir o limite da área de drenagem que existia no chão. O sangue que escorria das costas da garotinha tinha o mesmo destino, contudo passavam antes pelo vestido que anteriormente estava sujo apenas com três gotas provenientes da sopa. Antes que o sangue pudesse estancar suas costas sentiram o suave toque da úmida toalha de algodão que limpava suas novas cicatrizes. Assim que o sangue para de verter, a mão pega docemente sua filha no colo levandô-a para uma banheira situada no mesmo comodo, e, enquanto a banhava carinhosamente, proferiu uma frase e nada mais.

- É para o seu bem filhinha.

Dias mais tarde, alegremente, a criança brincava próxima a um estábulo, correndo pelo gramado, quando é surpreendida pela fuga de um dos cavalos que quase a pisoteou. Passado o susto ela percebeu a única coisa que não poderia ter acontecido. A barra de seu novo vestido esta suja em uma pequena parte. Por sorte sua mãe não estava próxima, e os poucos empregados que a viram nesta situação nada falaram e fizeram-na trocar de roupa o quanto antes.

Na noite do mesmo dia do incidente equestre, o estábulo recebe uma visitante incomum. Guiada pela luz da lanterna em sua mão direita, e mantendo a mão esquerda atrás de si, em um ato que poderia ser visto como um certo nervosismo, ela adentrou e foi direto à baia do cavalo recem capturado, abrindo-a.  Colocou a lanterna no chão, com cuidado, para que ela não virasse e a chama da vela se alastra-se por todo o estábulo. Aproximou-se calmamente do cavalo, e com a ajuda de um banquinho que lá estava, gentilmente acaricia o focinho e a cara do animal, que instintivamente abaixa a cabeça e a encosta no corpo da menina, retribuindo o carinho.

- Desculpe-me, mas terei que puní-lo, assim como minha mãe pune a mim quando sujo a minha roupa, ou a roupa dela.

Neste momento a garota dá um forte abraço com seu braço direito, enquanto que com o esquerdo desfere um golpe com a faca que pegou na cozinha momentos antes. O instrumento de corte atinge a garganta do animal, na junção da cabeça com o pescoço. O cavalo a jogou para longe, em cima de um dos montes de feno e começou a debater-se, sofrendo por não conseguir respirar devido a obstrução da garganta pela faca e ao sangue que começava a escorrer garganta a dentro. Relinchar era impossível para o animal, impossibilitando a chance de alguém ouví-lo e vir em seu socorro. Sua força esvaía-se rapidamente, e em questão de minutos o equino agonizava no chão, em meio ao feno todo revirado. A menina assistia a tudo coma lanterna novamente em sua mão.  Meia hora depois o animal já não tinha movimento algum. Neste momento a garotinhaAção que provoca um esguicho de sangue, que passa perigosamente próximo a sua roupa. Uma cena que passou em câmera lenta em sua mente. Um instante que durou horas.

Na manhã seguinte, o incidente foi visto como uma ação de um vândalo que cruzou por aquelas terras; e vida voltou a transcorrer "normalmente", até que um dia, em meio a um chá de mãe e filha, um resquício de sabão na asa de uma das xícaras causa um acidente. O liquido contido na mesma passou a fluir pela mesa e então por sobre o vestido da garotinha. Uma cena que passou em câmera lenta em sua mente. Um instante que durou horas. Sem nada falar a menina apenas levantou-se indo em direção ao quarto. A mão permaneceu um bom tempo parada, chocada com o ocorrido.

Aproximadamente uma hora depois a mulher entra no quarto, de mãos nuas, abrindo rapidamente a porta que fechou-se logo em seguida atrás dela.

- Hora da sua punição mamãe.

A mulher vira-se o mais rápido que pode, demonstrando um misto de medo e surpresa com o tom das palavras que acabara de ouvir.

- Mas apenas uma vez.

Eis que uma faca é revelada na mão esquerda da garotinha, que sem hesitação desfere um golpe, uma estocada, que atinge um dos braços usados para defender-se. Mas a ação da menina não parou por aí, dando início a uma seguencia de investidas, e cada uma deixando sua marca na mulher que tentava escapar como podia. Um a um dos ataques tornavam-se cenas em câmera lenta. Instantes que duravam horas. Esta sensação era sentida por ambas, contudo não da mesma maneira. Até que tudo parou.

- Tens que ficar parada, lembra?

E assim permaneceram. Uma eternidade para a criança e um segundo para a mulher. Segundo este tão rápido que foi o suficiente para ela percebesse tarde de mais a nova investida da garotinha. O novo ataque incide precisamente na garganta, na junção da cabeça com o pescoço. O misto de surpresa e , desta vez, desespero tomou conta da mulher que levou as mãos à sua garganta, em um ultimo fio de esperança de que aquilo tudo não fosse real. E a realidade era incontestável. O ar não passava mais por sua garganta, sua fala era impossível. Inutilmente ela retirou a faca, com certa dificuldade, deixandô-a cair no chão em seguida. Consequentemente o sangue começou a verter com mais velocidade fazendô-a afogar-se no seu próprio sangue; processo acelerado pela sua vital tentativa de respirar, em busca de um milímetro cúbico de ar que pudesse chegar aos seus pulmões. E finalmente a punição teve fim.

Ao sair do quarto a garota depara-se com um ser elegante estendo a mão. Neste instante um detalhe destacava-se perante toda a cena; não se encontrava uma gota, por menor que fosse, de sangue na roupa ou na própria criança.


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Recém-chegado

A imagem de um cãozinho de pelúcia forma-se no centro de uma pequena mesa situada entre as três estantes.

- Um brinquedo novo!!!

Quase que em um coral todos em volta pronunciaram. O cão então olhou para si e em seguida ao seu redor, observando uma onda de brinquedos parecendo liderados por um trenzinho a vapor vindo em sua direção. Acuado sua primeira reação foi a mais natural. Sem perceber seu semblante ganhava presas, entretanto estas não eram macias como seu corpo. Em seguida, garras; e então seus pelos ganhavam comprimento, seu corpo proporções inesperadas. Simultâneamente a esta metamorfose o ambiente ao seu redor parecia sumir, até que nada além dele e uma uma criaturinha a sua frente. Uma menina que mais parecia uma boneca de porcelana.

Guiado pelo seu instinto o cão liberou sua ira e assim assumiu uma forma agressiva. Dominado por ela enxergou apenas uma ameaça diante de si. Impulsivamente iniciou sua investida; um ataque de mordida, no qual seus dentes visavam o branco e delicado pescoço da pequena garota. Contudo a ação do cão foi paralisada quando estava prestes a concluí-la por uma dor aguda em sua garganta. Com a ira quebrada pela dor que sentia pode observar melhor a situação, percebendo suas presas próximas ao pescoço de uma menininha, e esta com a mão a pressionar seu pescoço.

- Guarde sua ira para os invasores.

Com uma voz angelical falou enquanto com uma mão afagava a cara do cão e com a outra pressionava ainda mais a garganta, acentuando a dor do animal.


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Desconstruindo a Ordem

Uma espada? Uma boneca movida a cora, uma feita de porcelana e outra de pano. A marionete que só se movimenta quando são controlados os fios de sua vida. O fantoche que acorda quando seu coração, a engrenagem nas mãos de seu mestre é recolocada. Uma bailarina que dança somente ao som de sua própria música. Um gato de pelúcia, mais silencioso que um sussurro...

O que iniciou-se com uma prateleira rapidamente virou uma estante, depois duas e por fim a terceira e supostamente a ultima; agora tomadas por brinquedos dos mais variados. Brinquedos antigos e já inventados, brinquedos novos sendo imaginados e outros nem se quer idealizados ainda podiam ser encontrados neste ambiente circular iluminado por velas de uma incandecência singular.

O silêncio deixou de existir, mas não havia barulho ou ruído. O lugar era embalado por uma melodia que regia a harmonia no local; e sob suas notas a vida desses objetos corria livre, com quase todos os direitos por ela concedidos. Amor, ódio, afetos, desafetos, frustrações, realizações, felicidades, tristezas...infindáveis consequencias de cada ato, de cada ser...

Sobre o candelabro preso ao této, a presença de um ser era ignorada por muitos e observada por poucos, em especial por uma certa boneca. O observado, despreocupadamente assistia a um trenzinho, movido a vapor, cujos trilhos percorriam diversos cantos do ambiente. Ao seu lado uma fenda dimensional é aberta e um coelho humanóide com trajes sociais surge por ela e com a mesma formalidade que suas roupas prestou reverencia.

- Mestre.

Nenhuma palavra; apenas um envelope é retirado de seu casaco e entregue ao coelho, que rapidamente voltou para a fenda que fechou-se em seguida. Deixando seu Senhor a observar seu pequeno trem incansável.


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posłaniec

O badalar dos impetuosos sinos ecoavam além dos limites da pequena e isolada cidade, até a flora e fauna que a circundavam. Em meio a floresta alguém movia-se com velocidade por entre as árvores, e mesmo a pé era difícil identificar quem ou o que poderia ser; era como se sua vida dependesse de seus passos.

Na praça central, um ser parecia não acreditar no horário e retirou de um de seus bolsos um relógio, conferindo se a torre estava realmente certa.

12:57 simultâneamente marcavam os ponteiros dos dois relógios.

No instante seguinte, enquanto o relógio de bolso é recolhido, um rapaz chega ofegante, com as roupas sujas e parcialmente rasgadas; que ao constatar quem o aguardava não conseguiu esconder o espanto.

- Mas como? Quando?

E ainda tentando recuperar o fôlego continua.

- Você estava...

É quando suas indagações são interrompidas.

- Trouxe a encomenda?

Com uma expressão confusa ele tira uma caixinha de sua mala de couro e estendendo os braços. Ação que logo é quebrada.

- Abra-o.

Seu rosto refletia toda a perplexidade daquele momento. Mas as surpresas não paravam por ali. Dentro da pequena caixa encontrava-se um doce, uma bala aparentemente simples.

- Para servir-me, coma-a.

O rapaz voltou seu olhar novamente para o doce em suas mãos e quando iria pronunciar qualquer palavra sobre o assunto viu-se sozinho em meio a praça.


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Sussurro

Suas patas tocavam o solo com delicadeza suficiente para que nenhum som fosse emitido de seus passos, um após o outro em uma harmonia singular. Repentinamente sua passada acelera e com destreza incomparavel executa um salto que o leva ao alto, no topo de um muro e sem interrupções, com igual maestria, caminha por sobre a estreita passarela.

Para um garoto que a tudo assistia, seus movimentos pareciam conter todos os segredos do universo.

Então um susurro invade sua mente.

- É o que desejas?

Sem pensar responde ainda com o olhar fixo no felino.

- Uhum...


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Reconstruindo o Caos

Ao percorrer a escuridão dominante, ao longe avistava-se algo difícil de definir; era necessário chegar mais perto. Então a imagem de uma caixa retangular de madeira situava-se acima da linha dos olhos, obrigando o observador a curvar levemente o pescoço. Era possível visualizar a existência de alguma coisa no topo deste objeto. Repentinamente, o objeto de madeira gira em torno de si enquanto que o observador o circunda-o na direção oposta. A madeira revela-se oca, em uma forma que lembra uma prateleira qualquer de uma estante.

Na extrema esquerda uma boneca movida a corda cuidadosamente posicionada como se estivesse repousando. Ao seu lado uma boneca de porcelana cujo rosto mudava lenta, porem constantemente, de cor, nunca estando com a mesma expressão. Mais a direita, uma boneca de pano, uma palhacinha, uma arlequina recostada no fundo com as pernas semiabertas, os braços ao longo do corpo e a cabeça pendida para frente. Percorrendo ainda mais o objeto com o olhar, uma marionete  jogada, como se tivesse sido posta alí as pressas por alguém que a manipulava. Seguindo adiante, um fantoche sem vida alguma assim como a marionete, mas diferente das bonecas. E finalmente uma caixa de música, uma réplica de um armário de quatro portas, sendo as duas do centro ligeiramente maiores e em vidro, revelando uma bailarina dentro dele. Neste momento uma nova cavidade passa a formar-se abaixo da anterior. Com mais atenção e sem a distração dos objetos podia-se notar que as prateleiras eram esculpidas, rica e detalhadamente. Neste novo espaço um gato de pelúcia ganha forma situando-se na coluna oposta da boneca de corda. Mas falta analisar uma ultima coisa, algo que forçava o observador a elevar-se; a espada que descansava em um suporte em cima do que da estante.

O observador então vira-se. Neste instante Madelaine abre os olhos, sua corda move-se quase que imperceptivelmente e ela vê um vulto afastar-se.

- Quem está aí?

Nada.

- Criador?

O silêncio permanece.

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Em uma parte afastada da mesma escuridão o observador encontra-se com outro ser.

- Está tudo em ordem Mestre!

Com uma expressão de uma inefável satisfação em sua face o ser desaparece.


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Dourados

Entre as mais altas montanhas dois dragões, frente a frente, analisam um ao outro, permanecendo imóveis. Um deles com uma coloração forte como se suas escamas fossem polidas; o outro parecia ter as escamas empoeiradas com uma coloração fosca, sem brilho algum. O brilho não subestimava a experiência sob a poeira; e a poeira não subestimava a energia que o brilho emanava. E assim ficaram durante muito tempo até que simultâneamente avançam, deixando suas montanhas para trás. Suas garras encontram-se em um choque que gera uma onda de energia. Pareciam medir forças. Mais um momento de espera para qualquer um que ousasse presenciar esta luta.

É então que, com uma técnica perfeitamente executada como só um ancestral poderia realizar, o jovem dragão é arremessado, após sofrer um giro, para a montanha onde o velho dragão estava anteriormente. Alguns pedregulhos são projetados para longe e muita poeira é expandida.

Em questão de segundo, o que pareceu um raio de luz dourada surge em meio aos destroços em direção ao dragão ancestral que desvia com maestria movendo apenas a parte do corpo alvo do ataque. Com o brilho do raio o enérgico dragão subiu aos céus. O ataque tinha carater ilusório e serviu apenas para que o dragão de escamas polidas assumisse uma posição vantajosa. O verdadeiro golpe veio em seguindo em uma investida feroz pela retaguarda do oponente. Como se tivesse previsto este movimento, o dragão de escamas foscas vira-se a tempo de defender-se, quase sacrificando sua pata nos dentes de seu adversário que veio com uma velocidade surpreendente. O velho dragão conseguiu se desvinciliar com certa rapidez, mas não sem antes sofrer alguns arranhões causados pelas garras do jovem. Contudo o dragão ancestral foi arremessado em direção ao chão. Sem perder tempo, o dragão de escamas brilhantes dispara uma rajada de energia antes mesmo do dragão de escamas foscas caía.

Assim que toca o chão, momentos antes de ser atingido o Dragão Ancestral escuta uma voz questionandô-o.

- Quer ser minha espada?

Então o golpe final atinge seu alvo causando uma grande explosão e nada mais existia no local de impacto. O jovem dragão venceu a disputa. Mas agora que estava mais calmo, avaliando seu estado, percebeu um furo na direção e ponto exatos da posição de seu coração. Seu sangue escorria continuamente e o jovem perguntava-se como e principalmente quando recebeu o golpe. Revendo a batalha em sua mente achou apenas um momento possível. É então que seu sentimento de vitória transforma-se totalmente.

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