Bastidores de um teatro; fim de uma noite memorável que contou com a apresentação de uma das maiores companhias de balé clássico. Todos, artistas, público, administradores do local, já foram embora. Apenas uma pessoa permanecia no local, com seu balde e esfregão a limpar os bastidores. Somente pelo fato de estar lá seus olhos já brilhavam e a moça limpava com orgulho o local.
Sua dedicação ao esfregar o chão era tanta que quando percebeu já estava no centro do palco. Então parou, olhou ao seu redor girando sobre o eixo de seu corpo cada vez mais rápido. No momento seguinte seus trajes não eram mais os mesmos trapos de antes; agora vestia um belíssimo traje de balé, e executava com muita graça e leveza os movimentos mais complexos.
O brilho em seus olhos nunca foi tão intenso, contudo, logo foi interrompido por uma luz dirigida diretamente a eles. Imediatamente ela perdeu a concentração e parou de dançar.
- Quem está aí? O teatro está fechado.
Falou assustada com suas roupas comuns do dia-adia.
Em meio a luz um desconhecido aproximava-se calmamente.
- Queres?
Perguntou estendendo sua mão para a garota.
- O que?
Questionou-o com curiosidade e confusão em seu olhar.
- Seu sonho.
O contraste entre o significado da palavra "sonho" e suas palavras era notável.
- Quer ou não?
A resposta dela era tão óbvia quanto as perguntas que a seguiria. Porém, a garota não conseguia pronunciar uma palavra.
Notando a hesitação da garota, a oferta seria retirada.
- Espere!
Rapidamente ela aceita a oferta pegando na mão do desconhecido.
- Minha bailarina de caixa de jóias.
Assim que proferiu essas palavras, os dois desaparecem do palco.
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