...

Um diamante bruto, quando lapdado, tornar-se-á entediante rápidamente.

Miho

Em um luxuoso quarto de uma nobre residencia um Senhor repousa sobre a cama coberto por lençóis. Sem forças para sequer mover-se, ele apenas segue com o olhar a Dama que adentra em seu quarto, caminha calma e silenciosamente até sua cama e senta-se ao seu lado. Em um toque suave a mão da mulher percorre o rosto do homem e com a mesma intensidade ela encosta seus lábios nos dele em um beijo doce e confortante. Sentindo que seriam estes seus últimos instantes de vida, reuniu toda a força que lhe restava e suspirou as seguintes palavras.

- "O covarde mata com um beijo; O valente usa um punhal" -Oscar Wilde

Com naturalidade ela leva a mão até o objeto que prendia seus cabelos, retirando-o e revelando uma pequena lâmina liberando seus longos, lisos e negros cabelos que contrastavam com sua pele branca.

- Se é assim que preferes...

A Dama golpeou-o certeiramente no coração. Em seguida levantou-se e saiu do quarto deixando a lamina cravada no corpo do Senhor, prestes a soltar o ultimo sopro de vida. Enquanto caminhava pelos corredores, cumprimentava naturalmente os empregados e/ou convidados que por ventura cruzavam seu caminho.

Já na escada que dava acesso à porta da frente, uma súbita rajada de vento faz com que as portas abram-se e as luzes do corredor até o primeiro degrau apaguem-se. Inabalável ela continuou e adentro no breu. Mesmo fora da casa, a iluminação era inexistente; a não ser por um único pino de luz que iluminava um ser apoiado em uma bengala. Da Dama só ouvia-se os passos que pareciam cada vez mais curtos e rápidos emitindo um som metálico que aproximava-se cada vez mais do pino luminoso. Quanto entrou em seu raio de alcance, revelou uma aranha negra que subiu pela bengala e posteriormente pelo braço, parando no ombro do ser; enquanto simultaneamente a luz fechava-se até a sua ausência completa.


.

Um comentário:

Meus codiais agradecimentos aos elogios e críticas acima contidos.